sábado, 3 de maio de 2014

E Passa o Trem

Gerson Pinheiro
Pensei ter me encontrado
Fosse o trem da minha sorte
Mesmo assim deixou saudades
Quem sabe do meu reboque.
                            E passa mato
                            Passa casa
                            Passa ponte
                            E olha eu aqui sozinho!
Partiu com parte de mim
Esse trem da minha sorte
Carajás ficou saudades
Sei, eu só, do meu reboque.
                            E passa mato
                            Passa lago
                            Passa fonte
                            E olha eu aqui sozinho!
Eu também parti de mim
Em revoltas contra a sorte
Feito os rios da minha terra
A correr rumo ao Norte.
                            E passa mato
                            Passa tempo
                            Passa monte
                            E olha eu aqui sozinho!
Na estação da nova vida
Reencontrei o meu norte
Já não procuro por mim
O nós é muito mais forte!
                            E vejo mato
                            Vejo casa
                            Vejo ponte
                            Vejo lago
                            Vejo fonte
                            Vejo tempo
                            Vejo monte
                            Vejo não estar sozinho!



FONTE: portalbaixio.com/blog/2014/02/13/casal-e-expulso-do-trem-de-passageiros-da-vale/




 

terça-feira, 12 de novembro de 2013

TEU VOTO POR NOVA LEI E NOVO RUMO

Em meio século de domínio o Complexo Oligárquico de Curupu construiu um vasto campo minado. Terreno no qual derrota-lo e evitar o posterior retorno ao leme do Estado exige lutar contra uma série de mazelas já conhecidas, uma miríade de manobras já esperadas e, principalmente, estar preparado para desarmar artefatos cujo tempo e espaço no qual serão usados é “segredo de estado”. Portanto, é árdua a tarefa a que se propõe o campo de oposição no Maranhão.
Pra começo de conversa, é preciso conhecer a oligarquia e o seu funcionamento, conhecer o espaço social maranhense profundamente reproduzido por ela nessa quadra histórica, ter noção dos tentáculos estendidos por todo o território nacional e, além disso, suspeitar da existência de grandes estoques (em paraísos ultramarinos) de tudo que foi extorquido do povo nessa cruel relação de produção que mistura, contraditoriamente, aspectos feudais e neoliberais merecedores da dedicação dos alunos da escola econômica e social do saudoso Inácio Rangel. Grife-se que, no Maranhão essa dualidade se expressa de forma mais saliente.
A última e mais longeva oligarquia do Brasil tem como figura central um Coronel mor, posto ocupado pelo ex-presidente José Sarney desde 1965 quando desbancou Vitorino Freire. Seu discurso de posse, que pode ser assistido em filme do cineasta Glauber Rocha, não perdeu o conteúdo. O rosário de misérias ali relatadas enquanto crítica ao Vitorinismo: casas miseráveis, hospitais infectos, vítimas da fome ou da tuberculose. Permanece atual. O Maranhão parou no tempo, só mudaram os atores que na realidade hodierna são os filhos e netos daqueles que estrelaram o triste curta-metragem da posse daquele que afirmava em slogan de campanha que “seu voto é sua lei...”. Assertiva que, extraindo o complemento aqui oculto, felizmente continua valendo e dará ao nosso estado uma nova lei e um novo rumo.
O organograma seria parecido com o que segue: O coronel-mor assessorado pelo núcleo central da família, conforme descreve figurativamente o deputado Domingos Dutra (Pai, Filhos e Espírito Santo), mantem uma extensa rede de sub-coroneis distribuídos por todas as regiões do Estado. Cada sub-coronel, é bom que se diga, com as mais diferenciadas formações e ocupações (fazendeiros, médicos, juristas, militares etc.) utiliza os métodos mais “convincentes” para manter a população do seu feudo encurralada e transferir dividendos, não só eleitorais, ao comando central. Em troca, os já ditos “cobertores da lei”.
O sistema oligárquico foi reestruturado e dotado de tecnologia de ponta, em especial, no quesito da aparelhagem midiática. Em contrapartida, na relação com o povo maranhense, manteve o lema central da oligarquia sucedida que se ancorava na frase atribuída a Getúlio Vargas, mas costumeiramente repetida por Vitorino: - “Aos amigos, os favores da lei; aos inimigos, os rigores da lei”. Ao longo de cinco décadas e utilizando a maquina estatal aperfeiçoou o modelo anterior e fez penetrar suas raízes, também, na subjetividade do povo: modificou costumes; adquiriu laços culturais; criou modismos, enredos, toadas e melôs.
Em municípios que, segundo o Programa das Nações Unidas Para o Desenvolvimento (PNUD), ostentam os piores Índices de Desenvolvimento Humano do País é possível ouvir dos defensores da oligarquia, em meio a sonoras gargalhadas, frases como: escravizam, mas não deixam morrer de fome; podem até desviar recursos do estado, mas fazem algumas obras; cuidam bem daqueles que os seguem.
O que nos alenta é que esse ácido caldo de cultura, no qual se dissolvem desde as vítimas da mortalidade infantil até os condenados a permanecerem analfabetos e morrerem bem antes que seus contemporâneos dos demais estados, também gera a resistência, a organização popular e a revolta de amplas camadas do povo que já não suportam as condições em que são mantidas. Daí as pesquisa que têm apontado nos últimos meses que mais de 56% da população anseia por democracia e novas lideranças no governo. Os gonçalvinos querem mandar a oligarquia para as páginas da história.
O sinal de que grandes mudanças devem estar próximas se dá, conforme Lenin, quando “os de cima não mais conseguem governar como antes e os de baixo já não aceitam mais ser governados como antes”. No entanto, para que se dê o salto de qualidade e a liberdade seja conquistada torna-se necessário fortalecer os laços de unidade entre todas as forças que desejam e lutam pelo fim do domínio oligárquico. Quaisquer posições vacilantes poriam em risco esse resultado, pois o adversário é altamente astuto. Repito, é árdua a tarefa a que se propõe o campo de oposição no Maranhão, mas levando-se em conta a ampla vontade popular e sendo vigilante ás artimanhas da oligarquia, está à vista a luz no fim do túnel.


Gerson Pinheiro
Geógrafo pela UFMA
Diretor da UNEGRO-MA



segunda-feira, 29 de julho de 2013

Na África ou na Diáspora Meio Milênio de Exploração

Na África ou na Diáspora Meio Milênio de Exploração

Desde que se constituiu a sociedade de classes, cuja pilastra central é a propriedade privada, grupos humanos passaram a ser vítimas da escravização e outras formas de exploração por parte de seus semelhantes. A escravidão, segundo Karl Marx, por ser uma categoria econômica existiu em todas as nações desde o começo do mundo. 

Mas é com o Capitalismo, na sua fase de acumulação primitiva, que a lógica eurocêntrica se impõe sobre os demais povos levando continentes inteiros à submissão, em especial o continente Africano. É difícil negar que a preferência por esse continente se dá, essencialmente, pela diferença na cor da pele de seus habitantes, o que possibilitou o apoio da Igreja Medieval que passou a referendar a tese de que o povo negro não seria humano, portanto passivo de ser apropriado e utilizado como mão de obra escrava e, também, como mercadoria. Estava, assim, decretada a condenação do “continente mãe da humanidade” á exclusão de quaisquer planos internacionais de desenvolvimento humano e ao papel de produzir riquezas para o usufruto das nações “civilizadas”. A seus povos, já decretados não gente, brindava-se com o degredo e a suas nações e tribos com a rota do extermínio.

Incrementou-se a Revolução Industrial nos países da Europa e já não era interessante a manutenção da mão de obra escrava nas colônias e países dependentes. Isso não significa, no entanto, que o capital, recém-ingresso em sua fase imperialista, abriria mão da exploração do continente negro e do seu povo, tanto dos que permaneceram no Continente quanto dos que foram jogados na diáspora. A divisão internacional do trabalho (clássica) destinou aos povos negros, nas colônias e semicolônias da África e da América Latina a parte pesada e pouco valorada do trabalho no arranjo econômico internacional. Conforme Márcio Pochman “a dicotomia entre os produtos manufaturados do centro e primário da periferia demarcou a Primeira Divisão Internacional do Trabalho”.

Na segunda Divisão Internacional do Trabalho, após a Segunda Guerra Mundial e já sob o comando dos Estados Unidos da América se mantém a lógica da exploração da periferia pelo centro. Ainda segundo Pochman, agora “numa relação entre produtos de maior e menor valor agregado”. O capital, utilizando-se de todas as suas armas, mantém o mundo dividido entre lugar de mandar e lugar de fazer e, majoritariamente, é neste que estão as populações negras.

Nos anos 1970 o mundo ingressa na era dominada pelas infovias. Conforme o geógrafo Milton Santos, período do “meio tecno-científico informacional”. A divisão da produção passa a ser: a manutenção da produção de bens industriais de alto valor agregado nos países do centro do capital, principalmente, bens relacionados a industria da informação e comunicação, assim como, a destinação de parte da produção de manufatura ás regiões mais pobres desses países e parte a “ilhas temporárias de crescimento econômico” localizadas em países periféricos (países que para isso abrem mão da soberania nacional através de acordos que ampliam a exploração de seus trabalhadores e a perda de capital nacional). O novo modelo ainda gera a ilusão, defendida como verdade absoluta pelos arautos do neoliberalismo, de que no mundo globalizado lugar de mandar e lugar de fazer já não têm território, cor, raça e nação. Pois grandes plantas industriais deslocaram-se para países periféricos. Só que, é preciso observar que há lugar com alto percentual de poder de mandar e outros com alto percentual de dever de fazer.

Nessa atual quadra de agravamento da crise econômica internacional, na qual os países do centro do capitalismo procuram preservar seus lucros e transferir a conta da crise ás nações que se encontram na periferia, ampliam-se as desigualdades sociais afetando, sobremaneira, às camadas mais pobres da sociedade com ênfase às que habitam as regiões mais pobres de cada País. Nos países da América Latina esses são os espaços habitados, em sua maioria, por descendente de negros e índios. Portanto, se faz necessário lutar para que experiências como as que começam a ser implantadas no Brasil, partindo do reconhecimento da imensa dívida social para com os afros-descendentes e indígenas, não retroajam e sirvam de exemplo a ser seguido por todos os países onde esses povos se encontram. Tratar esses povos como iguais não será possível enquanto não for resgatada essa dívida resultante de meio milênio de exploração. Ressalte-se, ainda, que a dívida a ser resgatada, em relação aos afros-descendentes, é de toda a humanidade para com todo o povo negro, na África e na diáspora.

Gerson Pinheiro
Geógrafo pela UFMA e diretor da UNEGRO-MA


quinta-feira, 25 de julho de 2013

PORTAL VERMELHO
24 de Julho de 2013 - 0h00
25 de julho: Dia da Mulher Negra da América Latina e do Caribe
Fatima Oliveira *

Em 1992, em Santo Domingo, na República Dominicana, realizou-se o 1º Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas, do qual decorreram duas decisões: a criação da Rede de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas e a definição do 25 de julho como Dia da Mulher Afro-latino-americana e Caribenha.

 A data objetiva ser um polo de aglutinação internacional da resistência das negras à cidadania de segunda categoria na região em que vivem, sob a égide das opressões de gênero e racial-étnica, e assim “ampliar e fortalecer as organizações e a identidade das mulheres negras, construindo estratégias para o enfrentamento do racismo e do sexismo”.

Em 2009, estimava-se que na região (América Latina e Caribe) éramos em torno de 75 milhões de negras – cidadãs despossuídas de cidadania plena, logo faltam esforços no âmbito dos governos para a efetivação dos nossos direitos humanos. Embora partícipes das lutas das mulheres em geral, incluindo as comemorações alusivas ao Dia Internacional da Mulher, em 8 de março, nós, as negras feministas, sabemos que é preciso uma data toda nossa a partir da compreensão de que não há uma mulher universal. Entre as mulheres há fossos de classe e racial-étnico; e a “sororidade” entre as mulheres é algo que não existe. Então, temos de estar na luta por nossa própria conta.

Abordarei dois tópicos sobre a vida das negras brasileiras. O primeiro é a recente reunião da presidenta Dilma Rousseff, no último dia 19, com representantes de 19 organizações do movimento negro, com a presença dos ministros Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral da Presidência da República, Aloizio Mercadante, da Educação, Luiza Bairros, da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), e do chefe da Assessoria Especial da Secretaria Geral da Presidência da República, Diogo Sant’ana. “De acordo com a ministra Luiza Bairros, foram abordados temas que fazem parte da agenda do movimento, como a reafirmação do compromisso do governo federal para combater a discriminação racial, além de reconhecer o racismo institucional e reforçar o ensino da cultura africana nas escolas para promover a igualdade”.

Se não estou enganada, é a primeira vez que a presidenta nos ouve presencialmente. Pelo que li até agora, considerei a reunião boa, pero... faltou Padilha! E parece que ninguém abriu a boca para falar em saúde da população negra, lacuna grave num momento em que o SUS está envolvido em um debate acirrado. Para o pesquisador Marcelo Paixão, 80% dos negros se internam pelo SUS. Todo mundo reclama que a Rede Cegonha não dá a mínima para o recorte racial/étnico e não há santo que a faça avançar. E perdemos a chance de dizer de viva voz à presidenta que a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra está enterrada com uma caveira em algum canto do Ministério da Saúde, um descaso que eu sei que ela não sabe! Elementar: ou manda Padilha transversalizar o recorte racial/étnico em todas as ações da saúde, ou admite a omissão.

Se os compromissos adquirirem logo materialidade, é um bom começo, além do que há algo muito simples que um governo antirracista precisa fazer, que não foi assumido, mas basta vontade política: entender que “Só combater a pobreza é pouco para debelar o racismo” (O TEMPO, 26.4.2011), porque pobreza é uma coisa e racismo é outra; e embora possam estar juntas, possuem dinâmicas diferentes! De modo que urge que o governo Dilma seja mais antirracista em atos.

* Médica e escritora. É do Conselho Diretor da Comissão de Cidadania e Reprodução e do Conselho da Rede de Saúde das Mulheres Latino-americanas e do Caribe. Indicada ao Prêmio Nobel da paz 2005.


sexta-feira, 14 de junho de 2013

MINHA MINA CATARINA

Beco: Catarina Mina



Minha Mina Catarina

Vives noite de sizígia,
Rebuscas teus ancestrais
Nos porões sob tuas ruas
Que a maré invade, ocupa,
A desvendar sem ter culpas
Teus segredos, teus canais.

Tudo lançado pra riba
Pelos ralos das calçadas
De tuas centenárias ruas.
Em bafejar de serpente
Buscando por liberdade
Vem habitar tua brisa.
Emprenhar forma imprecisa
Gerada na embriaguez
De todo que te cultua.

Sonho acordar de sonhos,
Despertar de pesadelos,
Frutos de mente malina.
Ver amanhecer de vez,
Curvado à altivez
Da tua força menina.

Teus segredos ameaçam
Com eles me entrelaço.
Puro temor de degredo,
Não saber como termina.
Guarda-me no teu regaço
Que se cumpra, se é sina.

Logo sopra a viração,
A lama vira oficina
Que tudo ao belo destina.
Passo a tecer novos sonhos,
E num leve sacudir
Finas rendas, buriti,
Emolduram tuas meninas.

Me convidas a carícias,
Ouvir tuas ladainhas,
Passear escadarias.
Em firme, sublime marcha,
Luzida por lamparina.
A subir descer degraus
No Beco da Negra Mina.

Do Beco da Catarina
Subo pra cidade baixa,
Tambores da Praia Grande,
Cá vive um povo de cima.
Também é do Catarina
Que desço ao mundo de cima,
Onde Leões nos devoram,
Traição, carnificina.

É teu também Catarina
Tão belo sonho de mina:
Levar todos cá de baixo
Pra tudo mudar em cima.


Gerson Pinheiro
14 de junho de 2013

terça-feira, 28 de maio de 2013

Serrano do Maranhão


Texto e fotografias: Marinelton Cruz
Igreja católica da sede do Município

Serrano do Maranhão  é um Município brasileiro do Estado do Maranhão fundado em 1994, pertence a mesoregião norte maranhense e microrregião do litoral ocidental maranhense, fazia parte do município de Cururupu  era denominada Povoado Serrano. Fica 111,37 Km da capital São Luis. Sua população é predominantemente rural. Antes de sua emancipação como município autônomo, era conhecido apenas como Serrano ou Povoado Serrano, e é uma das vilas mais antigas do Estado do Maranhão, formado por lavradores e pescadores em sua maioria quilombolas.




O município de serrano do Maranhão localizado no Norte do estado, com uma população de 10.924 habitantes composta de 94,8 % de negros e pardos (segundo o IBGE) é o Município com a maior densidade de negros  do Brasil, possui  na atualidade cinco comunidades quilombolas com registros na fundação palmares, são as comunidades de: Vista alegre, Iteno, Rio de Peixe, Vera Cruz e Boa Esperança  alem dos processo em andamento das comunidades de: Mariano dos Campos, Deus-Bem-Sabe, Mocal, Paraíso, Arapiranga, Boa Esperança, Portinho, Santa Filomena, Rosário, Soledade, Cedro, Cindim e Vera Cruz.

Apesar de ter sido emancipado em 1997, portanto uma cidade jovem, com apenas 16 anos de existência, hoje em 2013, já aparenta uma cidade maltratada, moribunda; resiste entre o primitivo e o contemporâneo, a situação calamitosa em que se encontra  nos remete aos tempos antigos.
aspectos das comunidades quilombolas
A cidade situa-se às margens da MA/006 que a corta ao meio. Mesmo sendo cidade na beira da estrada ficou esquecida no tempo. Carece de infraestrutura, saúde e educação. As populações urbanas e rurais subsistem da agricultura familiar e da pesca artesanal, a principal renda é a bolsa família são 2.262 benefícios; com um valor médio de R$ 221,97 por família.Se considerarmos que em serrano a média de pessoas por  domicilio fosse de cinco pessoas daria um total de 11.400 habitantes. Ou seja; as famílias de Serrano do Maranhão vivem principalmente dos recursos da bolsa família.
Antigo Caminho de acesso à Fazenda União


O Alto custo de vida e a escassez de gêneros; empobrece a cada dia a população de Serrano do Maranhão. O retratos da pobreza estão a mostra nos locais de moradia na zona rural e na sede do município. No entanto, nos anos de 2011 e 2012, o município recebeu do Governo Federal a quantia de trinta milhões de reais sob a rubrica de repasses para as áreas de educação e saúde, fundo de participação dos municípios, programa Fome Zero, entre outras rubricas menores. Em 2010, a quantia foi de doze milhões.


O extrativismo da terra a lavoura é a principal atividade, seguida da pesca artesanal de subsistência. A lavoura da mandioca é realizada em plantios das mandioca em pequenas propriedade; com roçados e queimadas,a  milenar roça no toco. A mandioca é utilizada principalmente para o fabrico da farinha de dàgua; que é torrada nas casas de forno espalhadas pelas comunidades rurais do município. A farinha é largamente utilizada na alimentação local.
Centro de Serrano do Maranhão


A pesca artesanal é desenvolvida nos campos inundáveis, igarapés, cabeceiras que ocorrem  pelo centro e pelas margens do município; alem da utilização de canais por pescadores que se aventuram em  pequenas canoas e redes malhadeiras.
Caminho na comunidade Quilombola  de Vera Cruz


 Sistema vocacional natural das terras de Serrano do maranhão é propício para o desenvolvimento da agricultura familiar; sendo o seu solo aproveitável para o desenvolvimento de diversas culturas como: a melancia, maxixi, milho, arroz, mandioca, melão, feijão dentre outras, as mesma são desenvolvidas de forma incipiente carecendo de assistência técnica e financiamentos adequados.
Boi cavalo


O mesmo pode se afirmar do seu sistema aquícola  os campos inundáveis, terras planas e baixas, igarapés e cabeceiras,lagos e lagoas, canais e apicuns formam um sistema próprio para o cultivo de base sustentável para  diversas  espécies de animais, como; diversas espécies de peixes de água doce e salgada,  molúsculos e crustáceos ( outras e camarões principalmente).

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Gritos por Liberdade Ecoam nos Quilombos


Gritos por liberdade ecoam nos quilombos rurais e urbanos do Maranhão
fotos: marinelton cruz


O Maranhão é um dos estados com maior população negra do Brasil. Segundo o IBGE (2010), em termos relativos, o maior número de pessoas auto declaradas pretas e pardas reside na Bahia 73,1% da população, seguida do Maranhão, Piauí e Pará todos com mais de 71% (o que remonta ao período do estado colonial do Maranhão Grão-Pará, período no qual grande contingente de negros escravizados foi trazido para essa região).  Ainda em termos relativos o município de Serrano no Maranhão com 94,8% das pessoas auto declaradas pretas e pardas, é o município brasileiro com maior percentual de negros.


Antigo caminho de carro de boi, na localidade de Santa Luzia; Municipio de Cururupu/MA

Embora a população negra esteja distribuída por todo o estado do Maranhão, reside em maior densidade em áreas banhadas pelas bacias do Itapecuru, Mearim e Munim e pelas baias e estuários das Reentrâncias Maranhenses. Esses foram os destinos da maioria dos negros trazidos da África e vendidos como escravos para trabalharem nas plantações de algodão, nos engenhos de cana de açúcar e no comércio e serviços da capital.


Plantio de Mandioca, modelo; roça no toco: localidade de São Bento; Municipio de Cururupu/MA

A luta dos negros no Maranhão por liberdade, assim como em todo o Brasil, teve início desde a chegada dos primeiros africanos escravizados. Capítulo importante nessa luta foi, sem dúvida, a fuga das senzalas para locais onde pudessem, livres dos grilhões, se organizar em comunidades, e assim, construir as condições de sobrevivência longe dos seus algozes. É importante destacar a figura do Negro Cosme pela sua preocupação com a educação: é dele a primeira iniciativa (registrada) da criação de uma escola no quilombo, em Lagoa Amarela, hoje pertencente ao município de Chapadinha. Mas, principalmente pela sagacidade de, sabedor da dificuldade de sucesso de uma luta organizada a partir do quilombo, ter aproveitado para engrossar as fileiras da Balaiada, somando aos interesses dos populares das cidades e aos dos vaqueiros as reivindicações quilombolas.

Mandioca
Com a abolição e, em muitos casos, após a falência das grandes plantações de algodão na segunda metade do século XIX, parcela significativa dessa população permaneceu nos quilombos rurais ou no interior desses grandes latifúndios falidos. Na segunda metade do século XX muitos foram expulsos pelo processo de grilagem migrando para quilombos urbanos na periferia de São Luís e de outros municípios grandes e médios do interior do estado. Confinados aos Quilombos (rurais ou urbanos) nos quais é quase imperceptível a presença do estado os negros maranhenses vivem em condições ainda muito difíceis, mesmo após os programas sociais dos governos progressistas dos presidentes Lula e Dilma.



Casa de Forno (torração da farinha dágua)
 
Preparo da comida durante os festejo de São Benedito, na comunidade quilombola de Santa Rita do Pintos Cururupu/ma





Segundo todos os indicadores socioeconômicos, negros/as ganham menos para as mesmas funções, padecem das piores condições de vida e estão ausentes dos espaços de poder. Ao mesmo tempo essa população, em especial a juventude, é a principal vítima da política de segurança pública do estado, que encarcera, tortura e mata, em uma absurda proporção... Morrem duas vezes e meia mais negros do que brancos no Brasil. (Mapa da Violência 2012: a cor dos homicídios no Brasil).

Esses dados nacionais, quando somados ao rosário de índices negativos que recheiam as estatísticas sobre o Maranhão colocando-o em último ou penúltimo lugar em: índice de desenvolvimento humano, renda per capta, analfabetismo, pessoas abaixo da linha da miséria dentre outros, confirmam a estreita relação entre degradação social e a cor da pele, entre desigualdade racial e desigualdade social.

Carnes prontas para  servir



Detalhe de canôa e apetrecho da  pesca artesanal, no Litoral ocidental do Maranhão.
 
 Assim, o estado com uma das maiores populações negras do País é também o que tem os piores índices sociais. Ainda não conseguiu se livrar da triste realidade expressa pelo acelerado enriquecimento da antiga elite escravocrata transformada em moderna sócia do grande capital. Elite detentora de gigantescas fortunas depositadas nos paraísos fiscais de além-mar e, ao mesmo tempo, mantenedora do coronelato feudal como regra basilar das relações sociais. Que impõe aos antigos escravos a condição de servos através de uma extensa rede de compadrio. Se já não é possível mantê-los nas senzalas, os mantém presos a currais eleitorais comandados por sub-coronéis distribuídos por todas as regiões do Estado e ligados, tal marionetes, ao coronel mor e sua família.


Mastro de festas tradicionais durante o fesejo do cabloco marinheiro em Cururupu/MA



Carro de boi

Entendemos que o racismo no Brasil não pode ser considerado apenas como mazela residual do período escravista, pois é um instrumento cotidianamente renovado pelo capitalismo como forma de ampliar a exploração das elites sobre a maioria do povo. No Maranhão, estado com altos índices de desigualdade social, a mensa dívida para com os afrodescendentes tem sido agudizada pelo domínio de cinco décadas do mesmo consórcio oligarca. 
lavradora limpando a frente de sua casa 

Portanto a luta contra o racismo deve estar ligada à luta travada por maranhenses de todas as etnias pela conquista de um Maranhão no qual sejam dadas a todos as condições de vida dignas. Assim, a exemplo do que fez Cosme Bento, o Movimento Negro no Maranhão deve somar-se aos que, atendendo os anseios populares, dialogam pelo Maranhão na luta pelo fim da Oligarquia e por melhores dias para o nosso povo.

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Aguas centrais de Cururupu/MA

Comunidade de Entre Rios no Municipío de Cururupu/MA




Gerson Pinheiro
Membro do Conselho Diretor da UNEGRO-MA